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DIA D


Pai e filho selam no papel relação construída com afeto e presença ao longo de quase três décadas

Mutirão Meu Pai Tem Nome oficializa laços de afeto e emociona famílias durante ação em Cuiabá

Por Djhuliana Mundel
16 de de 2025 - 12:48
Foto: Isabela Mercury  Pai e filho selam no papel relação construída com afeto e presença ao longo de quase três décadas


Um momento de emoção marcou o "Dia D" do mutirão Meu Pai Tem Nome, realizado neste sábado (16) pela Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT). Durante os atendimentos no Núcleo de Cuiabá, um homem de 31 anos oficializou o reconhecimento da paternidade socioafetiva com o pai que o criou desde os dois anos de idade, selando no papel um laço construído com amor e cuidado ao longo de quase três décadas. 

O mutirão, que aconteceu em diversas comarcas do estado, teve como objetivo facilitar o reconhecimento de paternidade, de forma gratuita, célere, acessível e humanizada. A ação é parte da campanha nacional coordenada pelo Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege), buscando garantir o direito fundamental à identidade e fortalecer vínculos familiares. 

Entre os muitos atendimentos realizados, um dos momentos mais comoventes foi o do reconhecimento da paternidade socioafetiva de Franklin Ramos da Silva, de 31 anos. Criado desde os dois anos por Waldirley Edson Kempfer, de 52 anos, que sempre assumiu o papel de pai mesmo sem laços biológicos, o ato de formalizar esse vínculo emocionou não só a família, mas também os servidores e defensores presentes. 

“Eu amo muito e crio ele desde os 2 anos de idade. Eu que ensinei ele a dirigir, a pilotar moto. Então a gente se considera muito pai e filho. Ser pai do Franklin é maravilhoso, um aprendizado muito grande pra minha vida como pai”, contou Waldirley, que é casado com a mãe de Franklin, Andreia Chaves da Silva, há 24 anos. 

Andreia falou, emocionada, sobre a relação profunda e amorosa que existe entre o filho e Waldirley. “Se tiver outra vida eles dois foram pai e filho de sangue. Porque o amor que eles dois tem é de pai mesmo, não é só de padrasto ou de pai afetivo, é amor de pai mesmo, de sangue”. 

Ao longo da manhã, outras famílias participaram de atendimentos para reconhecimento voluntário de paternidade, recebimento dos exames de DNA e acordos de conciliação. Coordenado pelo Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege), o mutirão “Meu Pai Tem Nome” está em sua 4ª edição nacional. Com foco no restabelecimento de laços familiares e com o objetivo de reduzir os casos de subnotificação paternal.  

“Em Mato Grosso, o nosso projeto Meu Pai Tem Em Nome foi um sucesso. Nós tivemos aproximadamente 200 pessoas que foram atendidas nessa edição. Em Mato Grosso, nós iniciamos desde o ano passado a oferta dos exames de DNA e isso tem facilitado muito o acesso à população para a resolução dessas demandas ao longo de todo o ano. Mas é extremamente importante a gente trazer essa data, esse marco, no mês de agosto, participando desse incrível projeto do Conselho Nacional de Defensoras e Defensores Públicos Gerais. Meu Pai Tem Em Nome, desde 2023, passou a atender o país inteiro. Então, é uma grande ação, uma mobilização, levando cidadania, justiça social, especialmente a resolução, de maneira pacificada, de demandas de conflitos”, avaliou a defensora pública-geral, Luziane Castro.  

A defensora pública-geral ressaltou também que este ano, pela primeira vez, contou com a coleta de matéria genético para exame de dna de pessoas privadas de liberdade. “Uma das ações que aconteceu esse ano aqui em Mato Grosso foi o atendimento a alguns casos em que envolviam reeducandos, então houve, com a parceria da Secretaria de Justiça, nós conseguimos fazer deslocamento desses reeducandos para virem fazer a coleta, hoje foi entregue esse resultado e a gente vai fazer as sessões de conciliação por meio de videoconferência. É uma inovação muito interessante e que a gente, de qualquer forma, independentemente de onde as pessoas estejam, é o trabalho da Defensoria, levar o seu atendimento e levar o seu trabalho especialmente para poder atender as pessoas em situação de vulnerabilidade”.

A defensora pública Elianeth Nazário, que coordenou as ações do mutirão em Cuiabá, chamou a atenção para o aumento de casos de reconhecimento de paternidade socioafetiva na edição deste ano. “O de reconhecimento socioafetivo este ano foi maior que do ano passado. Então, para evitar tumulto, nós fizemos no decorrer da semana. Hoje nós recebemos quatro famílias nas quais tinham reconhecimento socioafetivo desde crianças pequenininhas e também de adultos. A gente não cansa de dizer que o pai na vida, no acompanhamento, no afeto, na prestação de atenção, auxílio, companheirismo na vida de uma criança é fundamental. Os adultos, a gente percebe que ficam vazios. Então, assim, a gente não consegue enxergar de imediato a ausência, a dimensão dessa ausência, mas ela é muito grande, repercute no filho, repercute nos netos e assim sucessivamente. É fundamental o pai que você esteja presente, que você acompanhe. Se você não teve um pai, seja aquele pai que você queria ter tido. E se você teve um pai legal, procure ser um pouquinho melhor porque disso você é capaz”

Além de Cuiabá, os atendimentos do Dia D do Mutirão Meu Pai Tem Nome ocorreram em Várzea Grande, Cáceres, Pontes e Lacerda, Sinop, Nova Mutum e Barra do Garças.