Depois de passar um ano vivendo em situação de rua nas cidades de Ponta Porã, Dourados e Campo Grande (MS), J.A., 24 anos, conseguiu retornar para a sua casa em Goiana, Pernambuco, com o auxílio da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT).
O município pernambucano fica a 3.102 km de distância de Rondonópolis-MT, onde ele estava abrigado em um albergue desde o dia 21 de março.
A vaga no albergue foi obtida pelo Núcleo de Itiquira da DPEMT junto à rede de assistência social. J.A. realizava as refeições no Centro Pop de Rondonópolis e, com o apoio do Escritório Social do município, conseguiu a passagem rodoviária para retornar à sua cidade natal.
Ele chegou em Goiana, localizada no norte da Região Metropolitana de Recife, no dia 7 de abril, após uma longa viagem de mais de dois dias de ônibus.
“Sou muito grato à Defensoria Pública. Que Deus abençoe! Muito obrigado por trazer minha felicidade de novo”, declarou J.A.
Saiba mais – A defensora pública Lígia Padovani Nascimento afirmou que, devido à situação de extrema vulnerabilidade, ele foi cooptado por criminosos para transportar drogas e armas em um ônibus que ia de Dourados-MS até Sinop-MT. Ele receberia dinheiro, em troca, para custear o seu retorno a Pernambuco.
“Pessoas em extrema vulnerabilidade social, que estão em situação de rua, sem a rede de apoio familiar, sem trabalho, como o caso dele, são cooptadas, com maior facilidade, por organizações criminosas para o transporte de drogas em troca de recompensa financeira que, em muitos casos, será utilizada para o sonho de retornarem para o convívio de sua família”, explicou a defensora, que atuou no caso.
Por conta disso, ele foi detido pela polícia em um ônibus, próximo à divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no dia 28 de novembro do ano passado.
Desse modo, o Núcleo de Itiquira da DPEMT acompanhou o J.A. desde a audiência de custódia – a cidade fica a cerca de 40 km da divisa.
“Estava fazendo isso porque precisava. Passei sofrendo em Ponta Porã, em situação de rua. Me ofereciam dinheiro para eu ganhar passagem para voltar para casa”, afirmou J.A., em depoimento.
Inicialmente, ele foi condenado a 3 anos e 11 meses de reclusão, mas a juíza substituiu a pena de prisão por duas restritivas de direitos: multa, no valor de um salário mínimo, e a prestação de serviço comunitário, pelo período de um ano, considerando uma hora de tarefa por dia de condenação.
Assim, o alvará de soltura foi expedido no dia 21 de março. No mesmo dia, a Defensoria Pública providenciou a vaga no albergue de Rondonópolis, com o apoio da rede de assistência social municipal.
“Da penitenciária em Rondonópolis conseguimos que ele fosse levado direito ao albergue. Ele não ficou nenhum dia em situação de rua em Rondonópolis até conseguirmos a passagem”, revelou a defensora.
Então, foi providenciada a passagem de ônibus com o apoio do Escritório Social do município e, no dia 7 de abril, ele conseguiu voltar para casa, em Goiana.
“Estou me sentindo bem aqui. Estou perto da minha família, tenho onde morar, não passo fome”, disse.
