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INTERVENÇÃO


Defensoria Pública promove Círculo de Construção de Paz em escola de Alto Taquari

Iniciativa busca fortalecer a convivência escolar por meio da escuta, do respeito e da responsabilidade afetiva

Por Marcia Olivera
30 de de 2025 - 17:05
Arquivo Pessoal Defensoria Pública promove Círculo de Construção de Paz em escola de Alto Taquari

Intervenção foi feita em escola pública que enfrenta desafios com alunos


Na manhã desta segunda-feira (30), a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT), por meio do Núcleo de Alto Taquari (482 km de Cuiabá), realizou um Círculo de Construção de Paz na Escola Estadual Carlos Irigaray, com alunos do 9º ano e representantes do Grêmio Estudantil. A atividade foi conduzida pelo defensor público Maxuel Pereira Dias, com apoio da servidora Jessana da Silva e da mediadora escolar Lucienne Lizaldo Tolentino Barbosa. 

O encontro, que teve como tema central a “Convivência”, envolveu reflexões sobre comportamentos, limites interpessoais e a importância da responsabilidade afetiva nas relações dentro e fora da escola. O formato adotado, diferente de palestras tradicionais, coloca todos os participantes em pé de igualdade, promovendo um espaço seguro de escuta e diálogo. 

“O círculo subverte a lógica da palestra, porque todos compartilham seus saberes, experiências e emoções de forma horizontal. Isso fortalece o protagonismo juvenil e os vínculos de respeito no ambiente escolar”, explicou o defensor. 

A metodologia, baseada no modelo proposto por Kay Pranis, no livro “No Coração da Esperança”, foi adaptada pelo próprio defensor, em coautoria com o juiz Decildo Lopes, no Manual de Círculos de Construção de Paz. Ela promove a escuta ativa e o fortalecimento comunitário, acredita Dias. No encontro, foram utilizados o “objeto da palavra”, um objeto que é passado de mão em mão e só quem está com o objeto tem o direito de falar ou de calar, caso queira. 

A proposta visa garantir a escuta respeitosa e sem interrupção. E segue com a intervenção do facilitador, que por meio das chamadas “perguntas norteadoras”, faz questionamentos abertos, com cuidado para evitar julgamentos e assim permitir a expressão de experiências, sentimentos e aprendizados. 

“Houve emoção e muita reflexão. Episódios de bullying e suas consequências vieram à tona, mas o ambiente era tão acolhedor que toda tensão foi dissipada”, relatou o defensor. A iniciativa de usar a metodologia foi do próprio Núcleo, como parte de um trabalho de sensibilização da comunidade escolar sobre a Justiça Restaurativa e sua importância como ferramenta de resolução de conflitos. 

O defensor afirma que a atividade, que contou com a participação de 10 estudantes, foi tão bem recebida que, ao final, os próprios professores solicitaram a realização de novos círculos, voltados dessa vez ao corpo docente. 

“A escola costuma me convidar com frequência para fazer palestras sobre temas delicados, como bullying, racismo e até assédio sexual. Mas percebi que os círculos são uma metodologia mais adequada para lidar com essas questões de maneira mais profunda e transformadora”, completou.