Defensoria Pública promove evento sobre prevenção ao câncer de mama e doenças transmissíveis

Aos 46 anos a enfermeira e professora universitária na área de saúde, Juliane Fonseca, descobriu um tumor maligno no seio e conta que “perdeu o chão”. “Eu era professora universitária e levava meus alunos para conhecer pacientes de câncer, em diferentes estágios, e perdi meu pai para um câncer de pulmão. Receber o diagnóstico soou como uma sentença de morte”, relembra. Quatro anos depois, em remissão da doença, ela compartilhou sua história e palestrou sobre prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama, nesta sexta-feira (17), na Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.

A palestra, organizada pela Coordenadoria de Desenvolvimento e Qualidade de Vida, faz parte da programação do órgão para o “Outubro Rosa”. Mas, para aproveitar a ocasião, a abordagem foi ampliada para outras doenças que estão em crescimento estatístico de casos em Cuiabá, como a sífilis e hepatites B e C. 

Ao longo da tarde, defensores, servidores, estagiários e terceirizados receberam informações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento, puderam fazer testes de detecção rápidos e tomar vacinas contra a gripe e HPV. 

“Hoje sou voluntária do MT Mamma e auxilio as pessoas a conhecerem sobre a doença, a fazerem o autoexame de mama e também compartilho minha história. Meu caso foi difícil, fiz um tratamento composto por 16 sessões de quimioterapia, 33 sessões de radioterapia e a retirada de metade da mama. Perdi todos os pelos do corpo, mas, aprendi muito e hoje ajudo outras pessoas, pois há vida após o câncer e temos que estar atentos aos sinais”, lembra a enfermeira.

Juliane conta que não teve qualquer sintoma físico como dor, cansaço, feridas ou secreções. “Para a maioria das pessoas o câncer é uma doença silenciosa. Mas eu era da área da saúde e ao tocar o meu seio senti o nódulo, fiz o exame laboratorial e tive o diagnóstico muito rápido. As estatísticas mostram que a detecção precoce aumenta em até 90% as chances de cura”, explica. 

O tratamento é mais eficaz e menos agressivo quando cânceres de mama, próstata e pele são detectados no início, informa a enfermeira, pois o tumor ainda está localizado. Por isso, ela alerta, realizar exames preventivos, observar sinais do corpo e manter hábitos saudáveis são medidas que devem ser adotadas para identificar a doença a tempo e salvar vidas. 

Cuidados - Na prevenção, as mulheres devem realizar o autoexame das mamas mensalmente, conhecer o próprio corpo e procurar um médico se notarem alterações. A partir dos 40 anos, recomenda-se fazer mamografia anual, ou antes, caso haja histórico da doença na família. Diagnóstico precoce e tratamento com alta taxa de cura, nesses tipos de câncer, estão interligados. 

Dados - Em Mato Grosso, o câncer de mama é o tipo mais incidente entre as mulheres, representando cerca de 55% dos casos de câncer feminino no estado. A taxa de incidência é de aproximadamente 47,5 casos a cada 100 mil mulheres, superando a média nacional de 41,8. 

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que Mato Grosso registre mais de 8 mil novos diagnósticos de câncer por ano no triênio 2023-2025. Nos últimos dez anos, a mortalidade por câncer de mama aumentou cerca de 60%, atingindo em 2021 o maior número de óbitos já registrado. Um dos desafios é o acesso tardio ao tratamento: apenas 42,6% das pacientes iniciam a terapia dentro do prazo legal de 60 dias após o diagnóstico, o que reforça a necessidade de ampliar a detecção precoce, o acesso aos serviços especializados e as ações de prevenção em todo o estado. 

A defensora pública-geral, Luziane Castro, que se imunizou contra a gripe no evento, afirma que a iniciativa é de extrema importância por se tratar de saúde. “Quando temos mais conhecimento sobre o câncer de mama, doença de alta incidência entre as mulheres, podemos ficar em alerta, além de ser multiplicadores da informação, no caso dos homens, que convivem com mães, irmãs, esposas. A vacinação também é outro aspecto de extrema importância, pois num complexo de saúde, o bem-estar passa pela prevenção e a prevenção passa pela vacinação por isso, a Defensoria estimula esses encontros”, avaliou.

Outras doenças – A enfermeira da Prefeitura de Cuiabá, que atua no Posto de Saúde do bairro Canjica e Terra Nova, Thais Souza, esteve com sua equipe na DPEMT e explicou que os profissionais de saúde percebem, na prática, um crescimento no número de registros de casos de HIV, Sífilis e hepatites B e C, em Cuiabá. 

E por esse motivo, estão levando testagem rápida e informações sobre prevenção, detecção e tratamento dessas doenças para a população, durante as campanhas do calendário anual da saúde. “Não trouxemos testagem rápida de HIV hoje, mas, trouxemos os testes para as outras doenças. A sífilis adquirida por meio de relações sexuais desprotegidas está com alta incidência na Capital. Os testes são práticos e ficam prontos em 15 minutos e o tratamento é gratuito e feito pelo SUS. No final de semana, de sete testagens que fizemos, uma foi de sífilis”, explicou. 

Para o estagiário de nível superior da DPEMT, Iuri Dias Cardinal, a palestra repassou informações de forma prática e acessível e as vacinas foram de utilidade prática. "Eu não conhecia muitas das informações que recebi aqui, como por exemplo, que o câncer de mama tem incidência em homens também, apesar de ser em menor número. Também aprendi a fazer o autoexame e como tenho mãe e irmãs, esse será um assunto em minha casa. Ter acesso facilitado à vacina, no meu local de trabalho, também foi algo muito positivo”, avaliou o estagiário. 

O evento foi organizado para o público interno da DPEMT e seus dependentes, na sala 82 da Escola Superior da Defensoria Pública de Mato Grosso (Esdep), no prédio dos Núcleos Cíveis Integrados, na avenida Rubens de Mendonça.