Outro caso emblemático foi atendido pelo defensor público Robson Guimarães, coordenador do Núcleo de São Félix do Araguaia (MT). Ele acompanhou a situação da filha de Lumararu Karajá, também da Aldeia Santa Isabel, que conseguiu a certidão de nascimento durante a ação. “Esse caso mostra o quanto a Defensoria é essencial: uma criança nascida este ano, sem nenhum documento, conseguiu a certidão. É através dela que se acessa educação, saúde e benefícios sociais. Para mim, como defensor público, é gratificante poder participar pela primeira vez deste projeto e presenciar um impacto tão transformador”, afirmou Robson.
Emocionado, o próprio Lumararu reforçou a relevância da iniciativa. “Minha filha nasceu na aldeia e eu não consegui registrar, mas aqui consegui resolver rápido. Eu ‘tô’muito feliz”.
O cacique tradicional Waxio Karajá, da Aldeia Fontoura, celebrou a realização da ação em sua comunidade. “Estou muito contente. É difícil buscar esse tipo de atendimento longe da cidade. Hoje, a Defensoria veio até nós e facilitou muito. Agradeço por essa oportunidade e espero que o projeto continue nos próximos anos.”
O defensor público e secretário executivo da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, Clodoaldo Queiroz, ressaltou que o projeto rompe barreiras geográficas e institucionais. “As populações indígenas que vivem na Ilha do Bananal enfrentam isolamento territorial e dificuldades de acesso a direitos básicos. Esse projeto une forças de três Defensorias para levar cidadania a essas comunidades. É um exemplo de que a união pode transformar realidades”.
Para a defensora pública Letícia Amorim, coordenadora do Núcleo de Questões Étnicas e Combate ao Racismo da Defensoria Pública de Tocantins, a iniciativa serve de inspiração para o Brasil. “As populações originárias vivem em estados diferentes, mas sem a noção de territorialidade que nós, instituições, temos. É preciso que as Defensorias atuem de forma integrada, transpondo fronteiras institucionais e territoriais, para ofertar um serviço de qualidade”.
A abertura oficial na Aldeia Fontoura reuniu autoridades e parceiros institucionais, entre eles o defensor público-geral do Tocantins, Pedro Alexandre Conceição Aires Gonçalves, que reforçou o caráter transformador da iniciativa. “Estar aqui hoje é cumprir nossa missão constitucional. Esse projeto mostra que juntos podemos levar dignidade e cidadania a quem mais precisa”.
O projeto segue nesta sexta-feira (29), quando os atendimentos serão concluídos nas aldeias Bdè-Buré e Buridina, em Aruanã (GO).