A Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso realizou mais uma atividade formativa voltada ao público interno, por meio do projeto “Você (Não) é Todo Mundo”, da Coordenadoria de Desenvolvimento e Qualidade de Vida, em parceria com a Escola Superior da Defensoria Pública (Esdep). A programação contou com a palestra “Diálogos Sobre Racismo no Ambiente de Trabalho”, ministrada pelo pesquisador e servidor estadual Randalle Silva Hayashi, especialista em estudos sobre racismo institucional.
Doutorando em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), pesquisador do grupo HumanizaCom, mestre em sociologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e bacharel em direito, Randalle tem trajetória dedicada ao estudo das relações raciais, das desigualdades estruturais e de como essas dinâmicas se manifestam em instituições públicas.
Durante a palestra, o pesquisador fez um resgate histórico para explicar o conceito de raça, informando que esse conceito foi construído socialmente para legitimar atos e categorizar pessoas. “Na colonização das Américas pelos europeus, para legitimar o conceito de raça, que caracteriza pessoas, foi se desenhando. E aí aquele grupo legitimado, o colonizador, a sua roupa, língua, tradições, crenças, cultura, religião eram tidas como legítimos e todos os que não se encaixavam eram inferiorizados e com isso, a escravidão foi se desenhando de uma forma diferente”, disse.
O palestrante lembrou que a escravidão sempre existiu, não teve início com os povos negros. “Porém, o contexto da escravidão na América, teve um contexto diferente. Até então, a escravidão era algo em que a dignidade era preservada. Se a pessoa quisesse comprar sua liberdade, podia, se quisesse casar, podia e era num contexto social e político. Porém, na colonização, para legitimar uma escravidão mais perversa, o negro ao vir para o Brasil perdia seu nome e era tido como uma propriedade, posse, mercadoria”, disse.
Ele afirmou que o racismo existiu inclusive entre negros. “Conflitos entre povos, entre grupos, sempre existiu e sempre vai existir, infelizmente. Outros grupos de cor de pele diferente também foram oprimidos e escravizados. Mas, na América, a escravidão foi inclusive legitimada pela Igreja, com o Debate de Valladolid (1550–1551)”, afirmou.