L. M., 23 anos, está sem ver a filha há oito meses, quando o ex-marido, de quem se separou após sofrer violência psicológica e física, sucessivas vezes, sequestrou a menina de três anos. Ela ficou com a guarda da filha e numa das vezes que levou a criança para o final de semana com o ex-marido, ele, e toda a família dele, sumiram e nunca mais deram notícias. “Tenho vários boletins de ocorrências contra eles e um mandado de busca para a minha filha, mas, a Polícia não os encontra”, contou aos prantos.
L. e outras nove mulheres que participaram do segundo encontro do projeto: “Promoção de Direitos Humanos por meio da Arte: Mulheres em Movimento”, dividem histórias tristes, de agressão e violência, vividas com seus ex-companheiros. Elas são atendidas pela Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT), na solução de problemas jurídicos e administrativos, e participam da iniciativa que busca acolher e dar perspectivas para que ressignifiquem suas vidas.
Os encontros são organizados pela Coordenadoria Técnica de Assuntos Interdisciplinares (CTAI), por meio da Gerência de Assessoramento Estratégico (GAE), em parceria com o Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) e da Escola Superior da Defensoria Pública (Esdep). Neles, cada uma pode dividir relatos, observar que não são as únicas a passar pelo problema, receber orientação e encaminhamento para as situações e, por meio da dança, são estimuladas a regatar o interesse pela vida.
Durante a dinâmica, as mulheres que estão tensas, inseguras e cheias de problemas práticos relacionados à moradia, emprego, cuidado com os filhos, são estimuladas a encontrar leveza ao cuidarem de si. “Elas são levadas a praticar a dança, a partir da observação e repetição de movimentos simples, mas, que produzem sensação de alegria e autoestima. Elas trabalharam o corpo, a consciência do feminino e a força que carregam”, explicou a professora de dança do ventre, Yasmine Amar Kaur.
Para a participante C. S., 42 anos, ao mesmo tempo que é um alívio decidir pela denúncia e separação, novos problemas começam e precisam ser resolvidos após essa decisão. E ter força, nessas horas, é um desafio. “Poder participar de um encontro como esse, em que somos ouvidas, contamos os problemas, choramos, mas, também podemos rir e encontrar alegria, mesmo no meio de toda a confusão, é muito importante”, avaliou.