Todas as embalagens de aerossol são recicláveis? Quais cuidados a pessoa deve ter no momento de descartar uma embalagem de desodorante? Para sanar essas e outras dúvidas que podem surgir na população, a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT) foi até o bairro Jardim Eldorado, em Várzea Grande, para conhecer a Associação dos Catadores de Material Reciclável de Várzea Grande (Asscavag). De acordo com a presidente da associação, Valquíria Pereira de Barros, as embalagens são recicláveis, porém, cada uma delas tem um tipo de tratamento diferente.
“Existe uma norma onde fala que todo reciclável deve ser cuidado de forma diferente. Aqui na Asscavag temos uma técnica de segurança do trabalho que faz cursos com os catadores para que eles aprendam como manipular cada tipo de produto. O aerossol possui duas embalagens, a de ferro e a de alumínio. Os dois agregam valores e podem se reciclados, mas cada um tem um tratamento diferente”, afirma Valquíria.
Ela conta que a associação surgiu em 2004, sendo formada pelo primeiro grupo de catadores de materiais recicláveis que decidiu sair do lixão de Cuiabá. Eles conseguiram realizar cursos de capacitação junto ao um banco e aprenderam de forma prática a administrar a associação.
“Estamos há mais de 15 anos neste bairro e eu sempre digo que todo dia é um recomeço. Nosso trabalho depende muito da participação coletiva da comunidade, das escolas, das lideranças de bairros. Por meio da associação nós conseguimos resgatar a dignidade humana que foi ceifada no lixão”, conta Valquíria.
A Asscavag participa nesta semana da campanha “Fato ou Fake: Reciclagem”, uma parceria entre a Defensoria Pública, as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Cuiabá e Várzea Grande e o Grupo de Atuação Estratégica em Direitos Coletivos (Gaedic) em atenção aos Catadores de Materiais Recicláveis. A DPEMT publica nas redes sociais uma série de vídeos instrutivos que tem como protagonistas os próprios catadores que estão na missão de realizar a coleta seletiva.
Aliás, é por meio do Gaedic Catadores que a Asscavag tira todas as suas dúvidas jurídicas e também consegue colocar em dia a documentação daqueles que atuam na associação.
“Só tenho a agradecer a Defensoria porque ela que abriu as portas de muitos lugares para a nossa associação. A Defensoria tem esse papel de resgatar aqueles que são oprimidos. Se não sabemos ocupar o nosso espaço, por que existe então a política de resíduos sólidos? Hoje conseguimos sentar em pé de igualdade para discutir políticas públicas para os catadores. Hoje temos pais e mães de família que sobrevivem com a renda da associação”, comemora Valquíria.
O Gaedic Catadores – O Grupo de Atuação Estratégica em Direitos Coletivos (Gaedic) em atenção aos Catadores de Materiais Recicláveis foi criado em 2020, com o objetivo de dar atenção especial a grupos sociais específicos da população para prestar assistência jurídica integral e gratuita de forma prioritária e coletiva.
Desde o seu surgimento, o Gaedic Catadores de Materiais Recicláveis sempre atuou com o objetivo de levar dignidade e conhecimento aos trabalhadores, fazendo com que eles possam se unir em associações e cooperativas para que busquem melhorias em suas vidas.
Para tanto, o grupo auxilia os trabalhadores com cursos de formação, educação básica, aulas que ensinam a criar e gerir as associações e cooperativas e também atuando lado a lado dos trabalhadores para que eles possam ter acesso às políticas públicas estaduais e municipais.
“A participação do Gaedic na emancipação de catadores e catadoras de materiais recicláveis no estado de Mato Grosso trouxe a toda essa categoria personalidade jurídica na criação e organização das cooperativas e associações, legitimidade social e capacidade de dialogar com o poder público. Quando o Gaedic entra na interlocução de pessoas vulneráveis junto ao poder público nós ajudamos no empoderamento e os incluímos na cadeia produtiva de materiais recicláveis. Sempre buscamos levar melhoria na condição de vida, social e econômica, dos catadores já organizados e dos ainda não organizados”, afirma a coordenadora do Gaedic, a defensora pública Kelly Christina Monteiro.
